Brasil arcaico, Ucrânia e relações familiares se encontram em novo longa-metragem do diretor Guto Pasko, que tem estreia confirmada em Curitiba, São Paulo e outras capitais
Estreia nesta quinta-feira (17) em circuito nacional o mais novo longa-metragem do diretor paranaense Guto Pasko, o documentário “Aldeia Natal”. Em Curitiba, poderá ser visto no Cine Passeio a partir da quinta-feira (17), além de chegar às telas de outras cidades como São Paulo (no Cine Marquise).
O longa é foi o vencedor dos prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Montagem no Festival Cine PE de 2022, em Pernambuco.
A obra relata uma jornada pessoal iniciada no interior do Paraná e concluída na Ucrânia. Guto Pasko parte de uma situação autobiográfica – a relação distante com os pais e a condição de descendente de imigrantes ucranianos – para montar um panorama sobre questões brasileiras e universais. Relacionamentos familiares, religiosidade, imigração, tradição cultural e a busca pelas raízes dos antepassados são alguns dos temas abordados pelo filme.
No começo do mês, o filme já teve duas sessões especiais no interior do Paraná, em regiões de forte presença da imigração ucraniana. Dia 3 de agosto foi apresentado em Irati e, no dia 6, em Prudentópolis. Ambas as cidades contam com cinemas de rua.
O documentário foi filmado entre 2018 e 2019, com locações em Queimadas, área rural de Prudentópolis, e na Ucrânia. No país europeu, a equipe esteve na região oeste em novembro de 2019, distante dos territórios invadidos pelos russos, mas algumas das províncias visitadas também foram alvo de bombardeios recentes, como Lviv.
A produção é de Andréia Kaláboa e Guto Pasko, sócios da GP7 Cinema.
HISTÓRIA CINEMATOGRÁFICA
Com 98 minutos de duração, o novo filme retrata o retorno do cineasta Guto Pasko à sua “aldeia natal”, a bucólica Queimadas, e a busca por se reconectar com os pais, os irmãos e o legado histórico e cultural dos antepassados – imigrantes que fizeram parte das levas de ucranianos que vieram para o Brasil no final do século XIX.
Este processo lento e gradual de reaproximação termina com uma viagem à Ucrânia, onde ele, o pai (João Pasko) e a mãe (Cecília Ternosky Pasko) percorrem aldeias isoladas procurando rastros dos antepassados que emigraram e parentes ainda vivos. Mais do que nomes em antigas lápides ou primos distantes, pelo caminho vão encontrando a união familiar desfeita por conta de discordâncias sobre religião, tradição e costumes.
Uma destas tradições, comum no interior do país até tempos recentes, é a de pagar promessas fazendo com que um dos filhos dedicasse a vida à igreja. No caso da família de Guto Pasko, profundamente religiosa, uma graça foi concedida e o escolhido para retribuir o favor divino foi ele, o mais velho de 11 irmãos. O jovem não aceitou a imposição e aos 11 anos saiu de casa, se mudando para Curitiba. Uma irmã mais nova, de apenas nove anos, foi então enviada para um convento, substituindo-o na promessa.
IDENTIDADE CULTURAL
“Depois de 30 anos de distanciamento de meus pais e irmãos, e já tendo feito outros cinco filmes com temática ligadas à cultura ucraniana, vi que deveria encerrar este ciclo olhando para minha própria família. É também uma busca pela minha própria identidade, ao mesmo tempo que revela um Brasil diferente, construído por aqueles imigrantes que vieram de lugares tão longínquos”, conta Pasko.
Prudentópolis tem a maior colônia de descendentes de ucranianos no Brasil – cerca de 80% de sua população de 52 mil habitantes tem antepassados que imigraram daquele país. Por conta do isolamento e da forte religiosidade, a região manteve intactos muitos costumes, como a língua, música, dança e o ritual bizantino utilizado nas missas.
Pasko já dirigiu sete longas-metragens documentais e a série televisiva “Contracapa”, além de dezenas de outros trabalhos. Seu primeiro longa de ficção, “Entrelinhas”, filmado no ano passado, foi selecionado recentemente para a mostra competitiva nacional do festival CINE PE 2023, que acontecerá de 4 a 9 de setembro em Recife.
A estratégia de distribuição da obra conta com a consultoria da Fistaile e adotará ações para expandir a circulação do filme. O planejamento reuniu técnicas de formação de equipe, ativações de marketing locais e ações de impacto. Junto ao lançamento comercial, conciliando objetivos de acesso aos públicos do filme, serão prospectadas e organizadas exibições em escolas e centros culturais, principalmente no interior do Paraná, onde o longa foi filmado.
Serviço: Documentário “Aldeia Natal”
Em circuito nacional a partir desta quinta-feira (17), com apresentações em cidades como Curitiba (no Cine Passeio) e São Paulo (Cine Marquise).
Cine Passeio
Endereço: Rua Riachuelo, 410 – Centro, Curitiba – PR
Cine Marquise Paulista
Endereço: Av. Paulista, 2073 – Cerqueira César, São Paulo – SP